quinta-feira, 16 de maio de 2019

IMPORTÂNCIA DA COMUNICAÇÃO ALTERNATIVA



Veja o texto que Karin Baylão, Fonoaudióloga Clínica e Educacional, escreveu:

Em nosso cotidiano, na maioria das vezes, atribuímos à linguagem verbal o principal meio para a comunicação se estabelecer. Entretanto, o índice de autistas não verbais ou pouco verbais ainda é bastante significativo dentre as pessoas com esse diagnóstico. As formas como os problemas sociais e comunicativos se manifestam variam muito entre essa população. Dessa forma, a utilização de algum modelo de comunicação alternativa deve representar uma opção a ser seriamente considerada por familiares e profissionais envolvidos (principalmente fonoaudiólogos). Não conseguir comunicar desejos e necessidades básicas às demais pessoas pode causar grande frustração e irritabilidade ao indivíduo com TEA (transtorno do espectro autista) contribuindo para maior frequência de comportamentos considerados inadequados e reações negativas às interações sociais, aumentando a exclusão!
Como foi dito anteriormente, as dificuldades comunicativas no autismo variam bastante: as pessoas com TEA podem não conseguir emitir ou reproduzir sons oralmente, podem apresentar dificuldade em iniciar a comunicação, podem não apresentar uma comunicação funcional (com muitas ecolalias, por exemplo), podem ainda não ter adquirido habilidades básicas importantes para a comunicação (contato visual, apontar, imitação de gestos e sons…), podem apresentar um vocabulário restrito… Enfim, situações comunicativas diversas! É preciso observar cada caso e avaliar qual método melhor se adapta às características dessa pessoa. Além das questões inerentes ao TEA, levar em
conta as características físicas, cognitivas e perceptivas da pessoa (o material e método a ser escolhido devem se ajustar a essas características), se há motivação em se comunicar, se estão ocorrendo poucos avanços comunicativos na terapia fonoaudiológica tradicional… Não existe uma regra sobre qual método escolher, mas os resultados e evidências científicas devem ser um norte nessa escolha!
O Sistema de Comunicação por troca de figuras PECS (Picture Exchange Communication System) é de longe o mais conhecido e aplicado, mas existem diversos métodos, adaptações de materiais, aplicativos e softwares específicos para essa finalidade. Geralmente os cursos de capacitação em comunicação alternativa são oferecidos a familiares e profissionais e tem acontecido com frequência crescente por todo o país. No entanto, as dúvidas ainda são muitas. Por definição, entende-se como comunicação alternativa, “uma área da prática clínica que se destina a compensar (temporária ou permanentemente) os prejuízos ou incapacidades dos indivíduos com severos distúrbios da comunicação expressiva” - ASHA, 1991.
Em muitas publicações sobre o assunto também encontraremos o termo Comunicação Aumentativa que se refere a “toda comunicação que suplemente a fala (gestos, expressão facial, linguagem corporal, comunicação gráfica etc.)” - Blackstone, 1986. Alguns autores defendem o uso da terminologia “Comunicação Suplementar e/ou Alternativa, pois abrange todas as formas de comunicação, complementando, substituindo ou apoiando a fala. Terminologias a parte, o maior objetivo com a implementação de alguma modalidade de comunicação alternativa é de facilitar ao máximo a comunicação, trazendo funcionalidade e acessibilidade para o usuário! Jamais deve ser desconsiderada baseada em mitos e crenças disseminados por quem não conhece a sua aplicabilidade e benefício!
Muitos profissionais e familiares ainda insistem na crença de que a comunicação alternativa atrasa ou impede o a fala, que deve ser usada como último recurso para estimular a comunicação… Nada disso! Quando bem aplicada, a comunicação alternativa promove redução das crises nervosas e frustrações por não saber comunicar suas necessidades. Aumento das habilidades de comunicação interpessoal. Favorece maior compreensão da natureza da comunicação, de como ela se estabelece… e sim, em muitos casos, estimula o surgimento da fala.
Paralelamente ao treino de comunicação alternativa, o tratamento fonoaudiológico deve continuar de acordo com a necessidade de cada paciente e, mais especificamente no TEA, o treino para aquisição de habilidades básicas (contato visual, seguir instruções, esperar…) também deve continuar. Vamos nos colocar no lugar das pessoas com severas dificuldades de comunicação? Vamos nos colocar no lugar das pessoas com TEA? Como reagiríamos ao não ser compreendidos?
Já imaginou que maravilha se essas pessoas pudessem exercer seu direito de escolher, pedir, recusar objetos, ações, eventos o quanto antes em suas vidas? Solicitar atenção e informação; ter atos comunicativos reconhecidos e respondidos; expressar o que sentem independentemente da gravidade de suas deficiências? Esses direitos são singulares e intransferíveis, mas, exigem conhecimento, sensibilidade, disciplina, capacitação e responsabilidade de quem cuida ou os assiste.
O assunto é complexo e extenso! Informe-se! Busque alternativas para a comunicação do seu filho, aluno, paciente, amigo. Comunicação alternativa traz dignidade! Comunicação é um direito de todos!
 Fonte:  academiadoautismo.com.br


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