terça-feira, 21 de maio de 2019

ANÁLISE GRÁFICA DO DESENHO


ANÁLISE GRÁFICA DO DESENHO

Regina do Rocio Motta¹

A análise gráfica do desenho é mais um recurso que os avaliadores dispõem para observar e conhecer o aluno. Pesquisadores afirmam, que o desenho deve ser considerado não apenas como uma modalidade de expressão ou representação da realidade, mas também como resultado de atividade intencional envolvendo aspectos cognitivos, sociais e afetivos - emocionais. Para compreensão do desenho espontâneo, faz-se necessário focalizar a atenção na construção gráfica, na motivação do sujeito e no contexto social no qual ele está inserido. O desenho deve ser completamente livre e espontâneo sem sugestões de tema, cores ou espaços a utilizar. A produção é pessoal, não há regras, nem certas, nem erradas. O diálogo sobre o desenho espontâneo, nos traz respostas importantes, diante da análise gráfica.
Comportamento do aluno durante a execução do Desenho:
· O aluno entende a consigna de imediato ou solicita explicações? A consigna é uma ordem direcionada, por exemplo, consigna aberta: Desenho o que você quiser.
· Inicia de imediato o desenho; necessita de motivação ou nega-se a desenhar.
· Estratégias de trabalho do aluno (organizado/desorganizado; necessita de reforço positivo/insistência e motivação).
· O ritmo do aluno ao desenhar, é muito rápido ou excessivamente lento.
· Postura corporal (inclinação excessiva da cabeça e do tronco para frente e deslocamento dessas partes do corpo para o lado, sentar-se sobre as pernas).
· Dominância lateral (destro/canhoto).
· Agitação motora (tiques motores, sincinesias).
· Preensão: segura corretamente o lápis, caneta, giz de cera, pincel atômico...
· Colocação do papel na mesa (ex. muito inclinado em relação ao corpo).
· É persistente na realização das tarefas.
· É metódico no que faz. Material necessário:
· Folhas de papel de várias cores.
· Lápis preto, lápis de cor, giz de cera, caneta, pincel atômico...
· Borracha.
· Não oferecer régua ou outros instrumentos de auxílio que podem diminuir o caráter pessoal e a espontaneidade).
Ao fazer a análise gráfica do desenho, os avaliadores devem a todo momento, ter como referência a produção grafo motora (cadernos, textos, avaliações entre outras atividades) do aluno, com ênfase nas seguintes observações:

ASPECTOS GERAIS A SEREM OBSERVADOS
OBSERVAÇÃO DESENHO
OBSERVAÇÃO MATERIAL ESCOLAR
O QUE TRABALHAR (em casos observados no desenho relacionados ao material escolar)
1- Localização do desenho no Papel.
· Planejamento e organização do desenho na folha de papel: desenho foi realizado no meio, cantos da folha ou na folha inteira.
· Segue instruções e conclui sua tarefa.
· Utiliza frente e verso da folha.
· Solicita mais de uma folha.
Planejamento e organização da folha do caderno:
· Respeita as margens e organiza parágrafos.
· Pula muitas linhas ou folhas.
· Utiliza frente e verso da folha.
· Segue instruções e conclui suas tarefas.
· Organiza o espaço gráfico (escreve da esquerda para direita).
· Orientação visoespacial.
· Linguagem receptiva.
· Compreensão verbal.
· Compreensão do espaço gráfico: a posição da letra deve estar voltada para a direita ou para a esquerda, para cima ou para baixo a direção e a linearidade da escrita e a posição da letra dentro da palavra.
· Noção, estrutura e organização espacial.
· Lateralidade / Lateralização.
· Noções de linhas. (horizontais/verticais/inclinadas/mudança de direção).
· Controle postural.
2- Pressão do lápis ao desenhar e fazer traçado.
· Pouca, muita ou pressão normal com o lápis grafite ao desenhar ou ao escrever no desenho.
· Pouca, muita ou pressão normal com o lápis de cor ao pintar.
· Faz uso excessivo de borracha.
· Traçados fortes, fracos, normal, repassado, pontilhado.
· Linha tênue.
· Ao escrever a pressão do lápis/ caneta é: muito forte que chega a marcar as folhas seguintes ou traços muitos leves
· Faz uso excessivo de borracha ou corretivo
· Mancha folha quando apaga as atividades
· Cancela as atividades rabiscando.
· Escrita irregular: tamanho das letras diferentes, utiliza-se de mais de uma linha para escrever,
· Letra ilegível
· Alterna escrita cursiva com caixa alta
· Letras repassadas
· Tônus muscular.
· Apreensão motora de diferentes objetos.
· Ritmo (marcha, reprodução de estruturas, códigos).
· Experiências táteis e cinestésicas.
· Motricidade fina.
3- Simetria do Desenho.
· Falta de proporção entre as partes do desenho.
· Aglutinação ou separação dos traços do desenho.
· Aglutinação, separação, omissão e/ou dissociação de palavras.
· Inversão e/ou troca de letras: simétricas (b/d;p/q), semelhantes (e/a; b/h, f/t).
· Troca de palavras com mesmo perfil gráfico (pato/pelo).
· Escrita em espelho.
· Esquema Corporal.
· Lateralidade / Lateralização.
· Percepção e memória visual.
· Atenção e concentração.
· Domínio viso espacial.
· Percepção de formas.
· Direcionalidade.
· Leitura de imagens.
4- Detalhes.
· Detalhes estão de acordo com a proposta do desenho e idade do aluno.
· Falta ou excesso de detalhes.
· Separa as atividades de forma organizada (com data ou cabeçalho, com sinal, traço, cores, pula linha...).
· Separação de sílabas.
· Paragrafação.
· Pontuação e acentuação.
· Ortografia/ qualidade da escrita.
· Discriminação visual.
· Memória viso motora.
· Orientação temporal.
· Organização espacial.
· Leitura de imagens e cores.
· Ditado de desenhos.
· Discriminação figura-fundo.
· Atenção e concentração.
5- Omissão de detalhes essenciais.
· Pobreza de expressão, de criatividade, originalidade e movimentos (retos, circulares, espiralados etc.).
· Escasso sentido de tamanho e proporção.
· Elementos soltos, sem organização e nem interpretação.
· No caderno, apresenta coesão de textos.
· Letras irregulares.
· Caderno desorganizado, com início de tarefas, mas sem término.
· Muitos rabiscos.
· Falta de interpretação nos textos apresentados pelo Professor(a).
· Desenvolver a criatividade, atenção e concentração.
· Trabalhar com conceitos de organização na escola, em casa e em seu cotidiano.
· Aprender a planejar suas atividades.
6- Tamanho do desenho.
· Em relação a folha de papel (pequeno/grande).
· Escreve com letra grande ou muito pequena.
· Como situa-se no caderno com relação ao “quadro negro”.
· Percepção visual.
· Atenção/conceituação.
· Autoestima.
· Discriminação de formas.
· Orientação espacial.
7- Cores.
· Harmonia em relação as cores usadas.
· Utiliza diferentes cores ou alguma forma de destaque para títulos ou partes específicas do texto.
· Harmonia.
· Autoestima.
· Habilidades sociais.
· Leitura de imagens e cores.
8- Criatividade.
· Qualidade da produção, imaginação, originalidade.
· Em caso de escrita no desenho, analisar a coerência, coesão e correto emprego de regras gramaticais em relação a idade série.
· Nível de redação, coerência, coesão e correto emprego de regras gramaticais em relação a idade série.
· Experiência, vivência no cotidiano.
· Habilidades sociais.
· Autoestima.
· Estimular a curiosidade, a pesquisa, a observação, a inventividade e a engenhosidade.
9- Relação da parte com o todo.
· Fez relação antecipada do significado do desenho (a intuição precede o desenho).
· As partes compreendem o todo.
· Há articulação das partes do desenho.
· O desenho expressa com clareza o pensamento do aluno?
· Na produção de texto, o aluno estabelece coerência e articulação das palavras centrais com a ideia geral do tema?
· Pensamento; análise e síntese.
· Classificação de formas segundo critérios (ex. cor, forma, tamanho).
· Sequência lógica
10- Método de Trabalho.
· Próprio.
· Organizado.
· Trocas de direção irregularmente, confusas e desordenadas.
· Com ordem lógica.
· Apresenta dependência nas tarefas, só faz exatamente aquilo que o professor(a) escreve, dita ou estabelece (não foge as regras, sem ousadia).
· Só tem capacidade de reprodução.
· Não é criativo.
· Falta organização e planejamento.
· Tem boas ideias e seu método é próprio e diferenciado (tem ousadia).
· Dar ênfase a sua criatividade, estimulando-os.
· Trabalhar a autonomia de pensamentos.
· Incentivar sua autoria de pensamentos, fazendo-o produzir sempre, assim retirando gradativamente a reprodução pela reprodução.
· Utilizar metodologias diferenciadas para melhorar o que existe.
· Fazer uso da ludicidade (jogos / situações problemas / dinâmicas...).
                    Fonte: adaptado de curso realizado pela autora do blog na E. E. Lucy Requião de Mello e Silva - Modalidade 
                    Especial, com a equipe pedagógica.

¹ Regina do Rocio Motta – professora/geógrafa/pedagoga; especialista em Educação Básica, em Educação Especial, cursando especialização em Psicopedagogia.

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