quinta-feira, 8 de agosto de 2013

Autismo....Como e quando ensinar?

11 de janeiro de 2013 às 09:14
Créditos
Suzana Almeida


As crianças autistas podem aprender imensas coisas e, embora todas sejam diferentes, o que a ciência nos diz é que precisam de mais oportunidades de aprendizagem do que as outras crianças. Isto significa que se para um menino típico nós precisamos dizer-lhe duas vezes “Isto é um vaso!” para que ele aprenda e o diga na próxima vez que vir um objeto semelhante, para os portadores de PEA poderemos ter de repetir 20, 50 ou 100 vezes.

Isto implica que praticamente tudo tenha de ser ensinado de forma sistemática e repetida, o que exige tempo e paciência. Mas todos temos, verdade? Assim, se queremos que aprendam algo, muito provavelmente vamos ter de lhes dar muitas (mesmo muitas!) situações de aprendizagem, por exemplo: se queremos que aprendam a vestir um casaco, não é razoável esperar que aprendam se só o fizerem uma ou duas vezes por dia como acontece com as outras crianças. Então, em casa, é preciso criar momentos específicos para que a criança repita esta actividade mais vezes – tantas quantas tolerar. O ideal é que os pais se revezem e procurem que outros elementos da família colaborem, para que não esgotem as suas energias!

Vejam esta sugestão: como não é possível ensinar tudo de repente, criem uma lista de objetivos e façam uma tabela onde registam em cada dia o que fizeram e quantas vezes.

A tabela encontra-se na imagem anexa.
Também podem, e devem, trabalhar no fim de semana, isto é só um exemplo.

Estes registos têm várias vantagens, assinalam-se apenas algumas:
1) ajudam-nos a perceber se estamos a ser sistemáticos ou não,

2) “obrigam-nos” a criar mais situações de ensino – ninguém gosta de chegar à conclusão que deixou passar um dia inteiro sem ter feito algumas coisas que considera muito importantes para o seu filho,

3) permitem-nos perceber a velocidade de aprendizagem e a capacidade de trabalho da criança.


Pode ainda ser útil registar algumas observações em cada dia, por exemplo: precisou sempre de ajuda/ fez uma vez sozinho; chorou e resistiu/ aceitou a tarefa.

Por favor, sejam razoáveis nos objetivos que traçam! Devemos identificar competências susceptíveis de serem adquiridas. As crianças têm um atraso de desenvolvimento, queremos combatê-lo mas com a noção de que a caminhada se faz de pequenos passos, para que possam ser firmes e duradouros!

Sugerimos que tirem ideias das atividades já realizadas na escola ou então podem começar por controlar alguns dos seus comportamentos e por incentivar tarefas que se prendem com a autonomia como por exemplo comer sopa ou vestir/despir calções, entre outras. À medida que forem sentindo que há domínio das tarefas iniciadas, podem ir-se elaborando objetivos progressivamente mais exigentes.

O nosso lema consiste em levar a criança a aprender sem erros! A aprendizagem de algo deve ser sempre uma experiência positiva, não queremos que surja desmotivação decorrente do fracasso. Assim, devemos dar tantas ajudas quantas sejam necessárias para que haja sucesso!

As ajudas podem ser:
• totalmente físicas (quando as nossas mãos precisam de estar sempre a controlar partes do corpo da criança – por exemplo: ter sempre as nossas mãos a segurar as mãos das crianças enquanto calçam um sapato);

• parcialmente físicas (no exemplo anterior, quando as nossas mãos apenas posicionam o pé da criança);

• gestuais (implicam apenas a existência de um gesto, como por exemplo se dizemos toca no lego azul e apontamos para a peça no meio de um conjunto);

• modelo (quando exemplificamos – por exemplo: damos uma escova à criança e dizemos “penteia-te”, ao mesmo tempo que nos penteamos para que veja como se faz);

• posicionais (adaptamos a posição dos objetos ou da criança para que realize a tarefa – por ex.º: colocamos a peça de puzzle, mais perto da criança ou então modificamos a sua orientação para que seja mais fácil encaixar);

• vocais (por exemplo quando perguntamos “Como te chamas?” e respondemos para que a criança imite “João”);

• visuais (mostramos algo – por exemplo se dizemos à criança “vai dormir” e ao mesmo tempo lhe mostramos uma imagem de uma cama ou de alguém a dormir).

É importante retirar gradualmente as ajudas à medida que as crianças vão conseguindo realizar as tarefas – não queremos que se tornem dependentes de nós!

Devem ser utilizadas as mais leves sempre que sejam suficientes – por exemplo, se a criança já sabe abrir a porta, não devemos ajudá-la fisicamente a fazê-lo. Se parar em frente à porta sem reação, pode ser suficiente apontar para a porta, sem dizer nada, para que perceba o que deve fazer.


"A ABA no Autismo - Notas para Pais" da autoria da Dr.ª Carla Martins.

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