quarta-feira, 5 de junho de 2019

BRINCAR E DESENVOLVIMENTO INFANTIL

BRINCAR E DESENVOLVIMENTO INFANTIL

Regina do Rocio Motta¹

          Desde o início de minha carreira profissional, sempre levantei a bandeira sobre a importância da brincadeira na educação infantil (como também na educação especial).
As DCNEIs (Diretrizes curriculares nacionais para a educação infantil/2010) destacam a brincadeira como atividade privilegiada na promoção do desenvolvimento nesta fase da vida humana. É através do brincar que podemos desenvolver habilidades de memória, atenção, imitação, habilidades motoras como equilíbrio e coordenação, além de aprender a conhecer, a fazer e a conviver, estimulando a curiosidade, autoconfiança, autonomia, linguagem e o pensamento. 
O brincar faz parte da vida da criança. É brincando que ela inicia, desde a mais tenra idade, sua interação com o mundo, estabelecendo formas de comunicação, relacionamento e experimentação. O brincar é atividade constante e natural, que estimula o aprendizado e a apreensão de valores culturais e sociais. O adulto de maneira geral vê as atividades lúdicas quando praticadas por ele como atividades de lazer e ócio e quando se trata da criança, acredita que a brincadeira tem sempre valor educativo. Nem sempre é assim. O brincar é livre. Tem valor essencial no desenvolvimento dos seres, mas é também atividade criativa, de diversão e descontração. E, ainda assim, é no brincar que a criança tem a possibilidade de desenvolver habilidades motoras, perceptivas e cognitivas. Muitos estudos com crianças sugerem que o brincar da criança requer estratégias sociais de grande complexidade. A criança não se limita a imitação do mundo adulto, elas reinventam a todo tempo, um novo mundo. Esse mundo tem um pouco do que recebe de informação e um pouco dela mesma e de seus gostos e paixões próprias. (MORAIS E PÚBLIO, p.13)

            Na concepção de Wallon (1945), o lúdico está intrinsicamente ligado a infância e é uma atividade realizada com prazer. Sendo que este brincar é imprescindível para a criança, facilitando seus sentidos e seu desenvolvimento em todos os aspectos.
O brincar aberto, aquele que poderíamos chamar de a verdadeira situação de brincar, apresenta uma esfera de possibilidades para a criança, satisfazendo suas necessidades de aprendizagem e tornando mais clara a sua aprendizagem explícita. Parte da tarefa do professor é proporcionar situações de brincar livre e dirigido que tentem atender às necessidades de aprendizagem das crianças e, neste papel, o professor poderia ser chamado de um iniciador e mediador da aprendizagem. Entretanto, o papel mais importante do professor é de longe aquele assumido na terceira parte do ciclo do brincar, quando ele deve tentar diagnosticar o que a criança aprendeu - o papel de observador e avaliador. Ele mantém e intensifica esta aprendizagem e estimula o desenvolvimento de um novo ciclo. [...] O treinamento inicial e prático dos professores precisa assegurar que eles adquiram suas competências nesta área a fim de acompanhar as tendências nacionais e manter o papel vital do brincar no desenvolvimento das crianças. (MOYLES, 2002, p.36) 

            Sendo assim, e como vimos nos teóricos citados, o brincar tem papel fundamental para desenvolvê-la com a criança, permitindo à ação, afetiva, a construção, representações mentais a manipulação com o brinquedo o desempenho de ações, e as trocas nas interações. O jogo possui inúmeras representações que a criança tem como opção de aprendizado que vai contribuir com o conhecimento e a desenvoltura da criança na sua educação lúdica infantil.
A função lúdica na educação: o brinquedo propicia diversão, prazer e até desprazer, quando escolhido voluntariamente a função educativa, o brinquedo ensina qualquer coisa que complete o indivíduo em seu saber, seus conhecimentos e sua apreensão do mundo. O brincar e jogar e dotado de natureza livre típica de uns processos educativos. Como reunir dentro da mesma situação o brincar e o educar. Essa e a especificidade do brinquedo educativo. (KISHIMOTO, 2003, p.37).

            Observa-se que o brincar e jogar são potencializadores do processo de aprendizagem na educação infantil, sendo inseridos na proposta pedagógica, com intencionalidade e com mediação do docente.


REFERÊNCIAS 

BRASIL. Ministério da Educação. Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil. Secretaria de Educação Básica. Brasília: MEC, SEB, 2010. 36 p. Disponível em:<http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view =download&alias=9769-diretrizescurriculares-2012&category_slug=janeiro-2012-pdf&Itemid=30192. Acesso em 25 de 05 de maio de 2016.

MOYLES, J. R. Só brincar? O papel do brincar na educação infantil. Porto Alegre: Artmed, 2002. 200 p.

KISHIMOTO, T. Jogo, brinquedo, brincadeira e educação. São Paulo: Cortez, 1994.

MORAIS , Aline; PÚBLIO, Rafael. Brincar é coisa séria! In: Brinquedos e Brincadeiras Inclusivos. IMG (Instituto Mara Gabrilli). Disponível em: http://img.org.br/images/stories/pdf/brinquedos.pdf, acessado em: 10/02/2016.

WALLON, HENRI. A evolução psicológica da criança. São Paulo: Cortez, 1945.

¹ Regina do Rocio Motta – professora/geógrafa/pedagoga; especialista em Educação Básica, em Educação Especial, cursando especialização em Psicopedagogia.

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