sábado, 3 de setembro de 2011

Olhe a paisagem

Atividade Permanente

Olhe essa paisagem

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Introdução Sempre há uma paisagem com a qual nos identificamos mais, onde nos sentimos "em casa". E, é muito comum que a paisagem que mais nos conforta é aquela que vivenciamos quando crianças. E de que forma a paisagem, coisa externa a nós, passa a fazer parte da nossa vida? Como a apreendemos? Quais são os referenciais que utilizamos numa paisagem, seja urbana ou outra, de forma a nos movimentarmos com segurança? Como criamos referenciais na paisagem para nos localizarmos e nos deslocarmos no nosso cotidiano? Como a paisagem, que já faz parte da nossa vivência emocional, pode também ser fundamental para os nossos deslocamentos? Tal percepção é algo que se aprende e pode ser explorado e exercitado.

Num primeiro momento é interessante pensar que apreendemos a paisagem de forma escalar concomitantemente ao nosso crescimento. Num primeiro momento percebemos a paisagem do nosso entorno mais imediato: a casa, o jardim, o quintal, os pátios dos prédios. Depois vem a rua, as casas e praças vizinhas, o caminho da escola. E achamos tudo muito grande.

Mas também é interessante pensar que nos dias de hoje há diversas formas de apreensão visual da paisagem. A primeira forma de apreensão é a frontal, que é como as crianças se relacionam e apreendem suas paisagens mais imediatas. E é desta forma que as representam. São os componentes de seus desenhos a visão predominantemente frontal dos elementos da paisagem. E esta apreensão frontal, na maior parte das vezes, é feita quando a criança está a pé. Ela utiliza, portanto, métricas pedestres para localizar o que está mais perto e o que está mais longe. E neste caso a topografia do terreno pode ter um valor significativo: se o caminho é plano a criança pode considerá-lo muito mais acessível que um caminho íngreme, por exemplo.

Agora, nas grandes cidades, provavelmente haverá uma paisagem que a criança apreenderá de forma cinemática. É a paisagem vista da janela do carro, do ônibus, do trem, em seus deslocamentos cotidianos. Em movimento, como no cinema. E também será uma paisagem que pode ser apreendida numa viagem ou para quem mora no campo e pode realizar grandes deslocamentos. E esta paisagem estará também noutra percepção escalar, os espaços percorridos serão mais amplos. A apreensão da paisagem aqui poderá ser feita não individualmente, elemento por elemento, mas poderá haver uma apreensão de conjunto: uma classificação por tipos de vias, se ruas ou avenidas; as árvores serão apreendidas no seu conjunto, se tal paisagem é mais ou menos arborizada; assim como as moradias, se predominam prédios ou casas unifamiliares, por exemplo. A relação com esta paisagem será diferente daquela apreendida a pé. E os referenciais também serão diversos daqueles escolhidos numa paisagem local.

E há ainda outra forma de apreensão da paisagem que é a do vôo do pássaro (vertical), quando o deslocamento é feito por avião. Neste caso a escala de apreensão deixará de ser local para ser regional ou talvez até global. E os elementos componentes da paisagem terão outra dimensionalidade. Mas é uma experiência que pode ser bastante restrita para algumas crianças, e na maior parte das vezes não compõe o repertório visual que estas possuem sobre as possíveis apreensões de uma paisagem. A visão vertical de uma paisagem poderá ser suprida com uma foto aérea, e enquanto representação, pelo mapa.

Mas, como estimular nas crianças a percepção e apreensão da paisagem e de seus elementos? Como fazer com que os elementos da paisagem sejam utilizados como referencial nos deslocamentos do dia a dia? É o que propõe esta atividade.


Objetivos
- Exercitar a visualização e a apreensão da paisagem com os focos frontal e cinemático;
- Trabalhar a competência relativa à localização por meio de referenciais definidos na paisagem.

Espera-se como desdobramento desse plano de aula que as seguintes expectativas de aprendizagem sejam alcançadas:

- Que os alunos sejam capazes de observar e representar uma paisagem, por desenho ou outras representações mais esquemáticas;
- Que os alunos consigam identificar na paisagem elementos de referenciamento local;
- Que os alunos consigam realizar classificações da paisagem de forma a apreender a paisagem nos níveis locais e regionais e nos enfoques frontal e cinemático.

Ano
3º, 4º, 5º e 6º

Tempo estimado
3 aulas

Material necessário Cadernetas de anotação
Folhas de papel sulfite
Lápis preto e colorido
Régua

Desenvolvimento das atividades
Primeira aula O (A) professor (a) pode fazer uma dinâmica inicial com os alunos sobre qual ou quais são os entendimentos do termo paisagem. Após os alunos apresentarem suas significações para o termo, o professor deverá expor uma idéia de paisagem o mais ampla possível, que passa pela definição de que paisagem é tudo aquilo que se apreende pelo olhar. Portanto, é o que tem existência física, um prédio, uma árvore, um rio etc. Para se identificar e descrever uma paisagem é preciso passar pelo olhar, pela observação. E saber olhar com enfoques específicos é também um aprendizado.

Neste momento o professor deverá expor a atividade que é exatamente olhar a paisagem e depois representar esta paisagem. E também será exposta a forma de olhar esta paisagem, que é uma apreensão na visão frontal, utilizando-se de métricas pedestres e depois explicar a visão cinemática, onde a métrica de apreensão será numa escala mais ampla. Se houver algum material audiovisual de descrição de paisagem, como por exemplo, filmes onde os moradores descrevem o bairro, ou algum filme que tenha a apreensão cinemática, os road movies. O professor poderá selecionar alguns trechos destes filmes que mostram a paisagem em movimento. Caso seja possível esta atividade, será necessária a previsão de aula adicional para mostrar as imagens.

Na primeira aula, o professor deverá explicar a atividade de observação da paisagem no entorno da residência do aluno. O aluno deverá pedir o acompanhamento de um adulto para realizar esta atividade, pois deverá realizá-la a pé. As anotações ou até desenhos (ou croquis, caso o aluno já tenha realizado alguma atividade de elaboração de croquis cartográficos, para o exercício de representação vertical e de relação entre os objetos - o que está ao lado do que) deverão ser feitos numa caderneta de anotação. É importante ressaltar que o aluno deverá observar quais são as referências principais da paisagem observada, por exemplo, quando ele explica a um amigo onde fica a sua casa, qual é o elemento referencial da paisagem que chama mais atenção?

Segunda aula A segunda aula da atividade deverá ocorrer após todos os alunos terem feito a primeira observação da paisagem na visão frontal. De posse das anotações, os alunos deverão realizar uma representação da paisagem com os recursos que já foram desenvolvidos até o momento. Poderá ser uma representação com os elementos da paisagem na visão frontal, poderá ser um misto de representação frontal e vertical, onde os alunos conseguem representar o traçado da rua, por exemplo, numa visão vertical e desenham os prédios, casas e outras construções na visão frontal.
Na representação os alunos deverão identificar quais são os elementos referenciais da paisagem e fazer uma pequena justificativa sobre por que eles consideram aquele elemento fundamental para a identificação e localização naquela paisagem.

Terceira aula Nesta aula será explicada a continuidade do procedimento de observação e referenciamento da paisagem. Agora será a vez da apreensão cinemática da paisagem. Para tal apreensão, o aluno deverá aproveitar algum deslocamento feito em qualquer tipo de condução (carro, ônibus, trem) para efetuar a observação. As anotações também deverão ser feitas numa caderneta, agora com o enfoque de classificar os conjuntos homogêneos da paisagem e quais são os elementos mais significativos e identificadores deste conjunto, que servem também como referencial para o deslocamento e localização. Uma orientação que pode ser dada para a anotação do aluno é que ele faça uma linha, que é o trajeto do automóvel (ou do ônibus), onde serão anotados os elementos da paisagem que ele considerou mais significativos. Caso seja difícil a anotação em movimento, o aluno deverá efetuar a anotação assim que chegar a seu destino, qual foi a memória da paisagem observada.

Quarta aula Em sala de aula o professor deverá agora orientar a sistematização e representação da observação da paisagem cinemática. O importante nesta segunda representação é atentar para a classificação dos elementos da paisagem, que não poderão mais constar no desenho ou croqui somente individualizados, mas também enquanto parte de um conjunto que contenha certa homogeneidade, que possam fazer parte de uma classe. As representações poderão conter, assim, uma legenda, diversificando as classes que foram apreendidas pelo aluno para classificação da paisagem. Para diversificação visual das classes, poderá ser utilizado o lápis de cor, cores diferentes para classes diferentes.
Nesta representação os alunos também deverão indicar quais foram os elementos da paisagem referenciais no trajeto executado. Poderão fazer uma pequena descrição e justificativa porque definiram tais elementos como referenciais para localização na paisagem observada.

Avaliação
Além da participação nas atividades propostas para desenvolver a percepção e representação da paisagem, algumas atividades complementares podem ser propostas e essas podem se constituir novas situações de avaliação. Os alunos podem perguntar aos pais quais são os referenciais de deslocamento identificados por eles nas mesmas paisagens observadas e representadas na atividade. Será interessante também fazer a comparação entre alunos da classe que observaram e representaram a mesma paisagem. O objetivo será verificar se os referenciais na paisagem que fazem sentido para um adulto são também representativos para uma criança, como por exemplo, sinais de trânsito, que fazem sentido para quem dirige o veículo. Fazer pequenos relatos, orientandos pelos professores. Algo assim pode enriquecer a atividade e servir para verificar o envolvimento dos estudantes.
Quer saber mais?
BIBLIOGRAFIA
ALMEIDA, Rosângela Doin; SANCHEZ, Miguel César & PICCARELLI, Adriano. Atividades Cartográficas. São Paulo: Atual, 4 vols., 1997.

SCHAMA, Simon. Paisagem e memória. São Paulo: Cia das Letras, 1996. 645 p.

FILMES
O Caminho das Nuvens
Tempo de Duração: 87 minutos, Brasil, 2003.
Decidido a buscar uma vida melhor, um caminhoneiro decide levar sua família de bicicleta da Paraíba para o Rio de Janeiro.

Pequena Miss Sunshine
Tempo de Duração: 101 minutos EUA, 2006
Uma família repleta de problemas decide se unir em uma viagem, que tem por objetivo levar a caçula para um concurso de beleza de pré-adolescentes. 
Consultoria: Jaime Tadeu Oliva
Professor de Geografia

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