NIVEIS DE AQUISIÇÃO DA ESCRITA, PROPOSTA DA EMÍLIA FERREIRO
1ª Fase PRÉ – SILÁBICA:
As partes da escrita não
correspondem às partes do nome. Fase gráfica primitiva – símbolos e
pseudoletras, misturadas com letras e números. Os alunos escrevem letras, bolinhas
e números, como se soubessem escrever, sem uma preocupação com as propriedades
sonoras da escrita. Nesse nível o aluno explora tanto critérios qualitativos
(varia o repertório das letras ou a posição das mesmas, sem alterar a
quantidade) ou critérios quantitativos (varia a quantidade de letras de uma
escrita para outra, sem preocupação com as propriedades sonoras). Para eles a
leitura e a escrita só são possíveis se houver muitas letras (mais de 3 ou 4)
e, letras diferentes e variadas. Sabe que a escrita é uma forma de
representação. Pode usar letras ou pseudoletras, garatujas, números e desenhos.
Não compreende que a escrita é a representação da fala. Organiza as letras em
quantidade (mínimo e máximo de letras para ler). Vai direto para o significado,
sem passar para a sonora. Variação de letras – BLSIK – elefante. Relaciona o
tamanho da palavra com o tamanho do objeto (Realismo nominal).
2ª Fase SILÁBICA:
É a descoberta de que a
quantidade de letras com que vai escrever uma palavra pode ter correspondência
com a quantidade de partes que se reconhece na emissão oral. “Pedaços sonoros”,
essas partes são as sílabas em geral, o aluno faz corresponder uma grafia a
cada sílaba. Inicia-se assim o período silábico, que evolui até chegar a uma
exigência rigorosa. O aluno já aceita palavras com uma ou duas letras. Esse
nível representa um salto qualitativo do aluno, que supera a etapa da
correspondência global entre a forma escrita e a expressão oral atribuída. Esta
fase desdobra-se em duas:
a) Silábica
SEM valor sonoro: ainda não
faz relação do som com a grafia da letra que utiliza. A escrita ainda não é
percebida como representação da fala. Usa uma letra para representar cada
sílaba, sem se preocupar com o valor sonoro. Exemplo: macaco – BPS ou cavalo –
BUP.
b) Silábica
COM valor sonoro: a escrita
começa a representar a fala. Percebe a relação de som com a grafia. Escreve uma
letra para cada sílaba. Exemplo: pato – AO (valor sonoro só nas vogais) ou pato
– PT (só nas consoantes).
3ª Fase SILÁBICA – ALFABÉTICA:
Nesse nível existem duas formas
de correspondência entre sons e grafia: silábica (sílaba é o som produzido por
uma só emissão de voz) e alfabética (análise fonética e/ou análise dos fonemas,
que são os elementos sonoros da linguagem e têm nas letras o seu correspondente).
O aluno escreve parte da palavra aplicando a hipótese silábica, de que para
escrever uma sílaba é necessário apenas uma letra. Costuma usar somente vogais,
porque combina com uma porção de palavras, mas para eles em uma palavra, não
pode repetir a mesma letra duas ou mais vezes numa escrita, pois assim o
resultado será algo “não legível”. Nesse nível, o aluno já começa a acrescentar
letras na primeira sílaba. Este tipo de escrita tem sido considerado
tradicionalmente como “omissão de letras”. É verdade que do ponto de vista da
escrita adulta convencional, faltam algumas letras, mas do ponto de vista do
sujeito em desenvolvimento – o aluno, este tipo de escrita é “acréscimo de
letra”, porque está introduzindo mais letras que sua análise silábica previa. O
período silábico- alfabético marca a transição entre os esquemas prévios a
serem abandonados e os esquemas futuros que serão construídos. Começam então, a
descobrir que a sílaba pode ser escrita com uma, duas, três ou mais letras que
o som não garante a identidade de letras, nem a identidade de letras a de sons,
partindo assim para o nível alfabético. Apresenta escrita algumas vezes com
sílabas completas e outras incompletas. Alterna escrita silábica com
alfabética. Exemplo: Tiago – TIAO; cavalo – KVAO; camelo – CAMU; tomate – TOMT.
4ª Fase ALFABÉTICA:
Caracteriza – se pela
correspondência pelo fonema e grafias. Geralmente os alunos já conseguem ler e
expressar graficamente o que pensa ou fala. Compreende a logicidade da base
alfabética da escrita. Nesse nível, têm a distinção de letra e sílaba, palavra
e frase. A análise se aprimora e é possível a compreensão de que uma sílaba
pode ter uma, duas ou três letras, mas ainda se confunde, ou se esquece de
algumas letras. Muitas vezes centra sua escrita na sílaba, perdendo a noção do
todo. Portanto o trabalho com sílabas dá um apoio para a escrita e possibilita
uma conscientização do processo. A análise se aprimora e é possível a
compreensão de que uma sílaba pode ter uma, duas ou três letras. Faz
correspondência entre fonemas (som) e grafemas (letras). Ainda não domina as
normas ortográficas da língua. Escreve como fala. Exemplos: camelo – KAMELO;
tomate – TUMATI; G+A= ga e T+O= to GATO.
5ª Fase ALFABÉTICA – ORTOGRÁFICA:
Faz a correspondência entre
letras e grafemas. Amplia o conhecimento sobre as normas ortográficas. Faz a
correção do seu próprio texto. Exemplo: jardim – JARDIN; correio – CORREO;
cabeça – CABESA; isso – ISO.
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