Veja o texto que Karin
Baylão, Fonoaudióloga Clínica e Educacional, escreveu:
Em nosso
cotidiano, na maioria das vezes, atribuímos à linguagem verbal o principal
meio para a comunicação se estabelecer. Entretanto, o índice de autistas
não verbais ou pouco verbais ainda é bastante significativo dentre
as pessoas com esse diagnóstico. As formas como os problemas sociais
e comunicativos se manifestam variam muito entre essa população.
Dessa forma, a utilização de algum modelo de comunicação alternativa
deve representar uma opção a ser seriamente considerada por familiares
e profissionais envolvidos (principalmente fonoaudiólogos). Não
conseguir comunicar desejos e necessidades básicas às demais pessoas pode
causar grande frustração e irritabilidade ao indivíduo com
TEA (transtorno do espectro autista) contribuindo para maior frequência de comportamentos
considerados inadequados e reações negativas às interações sociais,
aumentando a exclusão!
Como foi dito anteriormente, as dificuldades comunicativas no
autismo variam bastante: as pessoas com TEA podem não conseguir emitir ou
reproduzir sons oralmente, podem apresentar dificuldade em iniciar a
comunicação, podem não apresentar uma comunicação funcional (com muitas
ecolalias, por exemplo), podem ainda não ter adquirido habilidades básicas
importantes para a comunicação (contato visual, apontar, imitação de
gestos e sons…), podem apresentar um vocabulário restrito… Enfim,
situações comunicativas diversas! É preciso observar cada caso e avaliar
qual método melhor se adapta às características dessa pessoa. Além das
questões inerentes ao TEA, levar em
conta as características físicas, cognitivas e perceptivas da pessoa (o material e método a ser escolhido devem se ajustar a essas características), se há motivação em se comunicar, se estão ocorrendo poucos avanços comunicativos na terapia fonoaudiológica tradicional… Não existe uma regra sobre qual método escolher, mas os resultados e evidências científicas devem ser um norte nessa escolha!
conta as características físicas, cognitivas e perceptivas da pessoa (o material e método a ser escolhido devem se ajustar a essas características), se há motivação em se comunicar, se estão ocorrendo poucos avanços comunicativos na terapia fonoaudiológica tradicional… Não existe uma regra sobre qual método escolher, mas os resultados e evidências científicas devem ser um norte nessa escolha!
O Sistema de
Comunicação por troca de figuras PECS (Picture Exchange Communication
System) é de longe o mais conhecido e aplicado, mas existem diversos
métodos, adaptações de materiais, aplicativos e softwares específicos para
essa finalidade. Geralmente os cursos de capacitação em
comunicação alternativa são oferecidos a familiares e profissionais e tem
acontecido com frequência crescente por todo o país. No entanto, as
dúvidas ainda são muitas. Por definição, entende-se como comunicação
alternativa, “uma área da prática clínica que se destina a compensar
(temporária ou permanentemente) os prejuízos ou incapacidades dos
indivíduos com severos distúrbios da comunicação expressiva” - ASHA, 1991.
Em muitas
publicações sobre o assunto também encontraremos o termo Comunicação
Aumentativa que se refere a “toda comunicação que suplemente a fala
(gestos, expressão facial, linguagem corporal, comunicação gráfica etc.)”
- Blackstone, 1986. Alguns autores defendem o uso da terminologia
“Comunicação Suplementar e/ou Alternativa, pois abrange todas as formas de
comunicação, complementando, substituindo ou apoiando a
fala. Terminologias a parte, o maior objetivo com a implementação de
alguma modalidade de comunicação alternativa é de facilitar ao máximo
a comunicação, trazendo funcionalidade e acessibilidade para o usuário!
Jamais deve ser desconsiderada baseada em mitos e crenças disseminados por
quem não conhece a sua aplicabilidade e benefício!
Muitos
profissionais e familiares ainda insistem na crença de que a comunicação
alternativa atrasa ou impede o a fala, que deve ser usada como último
recurso para estimular a comunicação… Nada disso! Quando bem aplicada, a
comunicação alternativa promove redução das crises nervosas e frustrações
por não saber comunicar suas necessidades. Aumento das habilidades de
comunicação interpessoal. Favorece maior compreensão da natureza da
comunicação, de como ela se estabelece… e sim, em muitos casos, estimula o
surgimento da fala.
Paralelamente
ao treino de comunicação alternativa, o tratamento fonoaudiológico deve
continuar de acordo com a necessidade de cada paciente e, mais
especificamente no TEA, o treino para aquisição de habilidades
básicas (contato visual, seguir instruções, esperar…) também deve
continuar. Vamos nos colocar no lugar das pessoas com severas dificuldades
de comunicação? Vamos nos colocar no lugar das pessoas com TEA? Como reagiríamos
ao não ser compreendidos?
Já imaginou que
maravilha se essas pessoas pudessem exercer seu direito de escolher,
pedir, recusar objetos, ações, eventos o quanto antes em suas
vidas? Solicitar atenção e informação; ter atos comunicativos reconhecidos
e respondidos; expressar o que sentem independentemente da gravidade
de suas deficiências? Esses direitos são singulares e intransferíveis,
mas, exigem conhecimento, sensibilidade, disciplina, capacitação e
responsabilidade de quem cuida ou os assiste.
O assunto é
complexo e extenso! Informe-se! Busque alternativas para a comunicação do
seu filho, aluno, paciente, amigo. Comunicação alternativa traz dignidade!
Comunicação é um direito de todos!
Fonte: academiadoautismo.com.br
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