A importância de se definir os estádios de
desenvolvimento cognitivo apoiar-se no fato de que, em cada um dos estádios o sujeito
adquire novos conhecimentos e novas estratégias para a compreensão, interpretação
e ação sobre a realidade. A compreensão deste processo é fundamental, para que os
professores possam melhor entender seu aluno. A obra de Jean Piaget não
oferece uma didática específica sobre como desenvolvimento da inteligência, ele
nos mostra que cada fase de desenvolvimento surge características e
possibilidades de crescimento, de maturação e de novas aquisições. O
conhecimento destas possibilidades nos permite desenvolver estratégias
metodológicas adequadas para o desenvolvimento pedagógico dos nossos alunos.
Salientamos que, nossos alunos especiais, por apresentarem na sua grande
maioria, idade cronológica diferente da idade mental, necessitam um olhar
diferenciado, portanto este material tem como objetivo localizar, a partir dos
estádios de desenvolvimento cognitivo de Piaget em que etapa de desenvolvimento
nosso aluno se encontra, o qual pode ser identificado a partir do comportamento
do aluno manifestado na escola/sala, para
assim compara-lo aos estádios da teoria Piagetiana.
(Equipe Pedagógica – Escola Lucy Requião)
I. ESTÁDIO SENSÓRIO-MOTOR: do nascimento aos 02 anos,
aproximadamente. A ausência da função semiótica é a principal característica
deste período. A inteligência trabalha através das percepções (simbólico) e das
ações (motor) através dos deslocamentos do próprio corpo. É uma inteligência
iminentemente prática. Sua linguagem vai da ecolalia (repetição de sílabas) à
palavra-frase ("água" para dizer que quer beber água) já que não
representa mentalmente o objeto e as ações. Sua conduta social, neste período,
é de isolamento e indiferenciação (o mundo é ele). Nesse período, os bebês desenvolvem a capacidade de
reconhecer a existência de um mundo externo a eles, tendo autonomia para
explorá-lo e construir sua percepção de mundo. Passam a agir não mais apenas
por reflexo, mas direcionam seus comportamentos tendo objetivos a alcançar. É
subdividido em 6 subestádios:
1º.
SUBESTÁDIOS: Vai do
nascimento até aproximadamente 1 mês e meio de vida. Os reflexos inatos, ao
serem exercitados, vão sendo controlados e coordenados pelos bebês. Nos meses
iniciais de vida propiciam o desenvolvimento tanto da diferenciação, que se
refere à capacidade do bebê de diferenciar objetos (como quando aprendem que
certos objetos podem ser sugados, e outros não), quanto da integração,
característica do bebê que permite uma coordenação com as duas mãos como quando
seguram um brinquedo com uma mão, e o braço da mãe com a outra. Nos primeiros
meses de vida, o bebê não possui a capacidade de entender a permanência do
objeto, que é a capacidade de assimilar que objetos continuam a existir mesmo
quando não estão no campo visual da criança ou quando não podem ser manipulados
por ela. Em A construção do real pela criança (1996), Piaget
descreve que, inicialmente, no conjunto das impressões que a criança tem de
mundo, ela reconhece e distingue certos grupos estáveis, denominados de
quadros. Quando não percebe um objeto ou pessoa nesse quadro, a criança ainda
não tem maturidade para entender que os objetos continuam a existir, mesmo
quando não estão presentes.
2º.
SUBESTÁDIOS: vai de aproximadamente 1 mês e meio até 4
meses. Nesse subestádios, a criança, depois de executar por acaso uma ação que
provoca uma satisfação, passa a repetir essa mesma ação repetidas vezes, o que
é chamado de reação circular. Durante esses primeiros meses de vida, em que o
objeto de manipulação é o próprio corpo do bebê, esse comportamento é chamado
de reação circular primária (como quando a criança suga o polegar, primeiro num
movimento aleatório, e depois repete essa ação, em vista da satisfação que gera
na criança). É nessa etapa que os bebês também começam a atentar para os sons,
demonstrando capacidade de coordenar diferentes tipos de informações
sensoriais, como visão e audição, e a coordenar seu universo visual com o tátil.
Piaget afirma que, através da coordenação de informações visuais e motoras, os
bebês vão desenvolvendo o conhecimento sobre o meio que o cerca, objetos e
espaço, vendo os resultados de suas próprias ações. Primeiramente, esse
conhecimento limita-se àquilo que está ao seu alcance. Com a chegada da auto
locomoção, aí sim os bebês poderão se aproximar de um objeto, para então
avaliá-lo e comparar sua localização com a de outros objetos.
3º.
SUBESTÁDIOS: vai de 4
a 8 meses. É durante esse período que as reações circulares do bebê passam a
ser secundárias, ou seja, o foco da ação é externo ao bebê, como quando a
criança descobre um brinquedo e o utiliza para brincar. Nessa fase os bebês
dirigem sua atenção ao mundo externo, tanto aos objetos quanto para os resultados
de suas ações. As reações circulares secundárias também são aplicadas às
vocalizações, em que o bebê emite sons que são selecionados pelos pais, ao
reforçarem a emissão dessas vocalizações. As mudanças de reações circulares
primárias para secundárias indicou a Piaget que os bebês estão começando a
entender que os objetos são mais do que extensões de suas próprias ações. Mas
não possuem ainda noção definida do espaço à sua volta, descobrindo o mundo
muitas vezes em ações acidentais.
4º.
SUBESTÁDIOS: Vai
aproximadamente de 8 a 12 meses. Nessa fase, há um desenvolvimento na
coordenação das reações circulares secundárias. Assim, o bebê já possui maior
controle sobre a manipulação do meio externo, e conduz ações voltadas a um
objetivo, ou seja, tem intencionalidade em seus atos. As crianças então
conseguem coordenar esquemas elementares para conseguir algo que eles querem. É
nesse período que a criança desenvolve melhor a noção de permanência do objeto,
procurando ativamente objetos desaparecidos, por exemplo, utilizando da
preensão para afastar algum objeto que esteja escondendo aquilo que o bebê
quer. Cole & Cole (2003) escrevem que Piaget defendia que até o subestádios
4, os bebês são totalmente desprovidos da permanência do objeto e por isso não
podem manter na mente objetos ausentes. Consequentemente eles experimentam o
mundo dos objetos como um fluxo de quadros descontínuos, que estão sendo
constantemente aniquilados e reanimados. A criança, já é capaz de agir com
intencionalidade, e desenvolvem essa capacidade à medida que vão coordenando
esquemas previamente aprendidos e a usar comportamentos anteriormente
aprendidos para atingir seus objetivos (como engatinhar pela sala para pegar um
brinquedo), podendo inclusive antecipar acontecimentos.
5º.
SUBESTÁDIOS: ocorre entre 12 a 18 meses, aproximadamente.
Nessa fase, os bebês apresentam reações circulares terciárias, em que testam
ações a fim de obter resultados parecidos, ao invés de apenas repetir
movimentos que trouxeram satisfação. Há uma interação das reações primária e
secundária, existindo então um foco nos objetos e no próprio corpo. Diferenciam
as reações circulares terciárias das secundárias por conta do caráter de
tentativa e erro da primeira, enquanto as reações circulares secundárias
envolvem apenas esquemas anteriormente adquiridos. Nesse período há o início do
desenvolvimento do pensamento simbólico, em que a criança realiza imagens
mentais, ou seja, a capacidade de representar simbolicamente uma realidade
mentalmente.
6º. SUBESTÁDIOS: último estádio, o das
representações, que vai de 18 a 24 meses. Há o domínio da permanência do
objeto, ou seja, há representação dos objetos ausentes e de seus deslocamentos.
A representação, ou seja, a capacidade de representar mentalmente
objetos e ações na memória, principalmente através de símbolos (incluindo os
numerais), significa dizer que os bebês conseguem representar o mundo para si
mesmo, envolvendo-se, portanto, em ações mentais reais. A capacidade de manipular
símbolos proporciona à criança ampliar suas percepções e experiências, não
estando mais limitadas a experiências imediatas, apenas ao seu alcance. Elas já
são capazes de imitação diferida, ou seja, reproduzir uma ação mesmo quando não
está mais à sua frente. Surge o “faz de conta”, pensam antes de agir, têm
compreensão de causa e efeito, podendo então resolver problemas. Esse subestádios
é uma transição para o estádios pré-operacional da segunda infância. O ponto
final do desenvolvimento sensório-motor é a capacidade de retratar o mundo
mentalmente e pensar sobre ele sem ter de recorrer à tentativa e erro.
II.
ESTÁDIO PRÉ-OPERATÓRIO:
1º.
Período Simbólico - dos 2 anos aos 4 anos,
aproximadamente. Neste período surge a função semiótica que permite o
surgimento da linguagem, do desenho, da imitação, da dramatização etc. Podendo
criar imagens mentais na ausência do objeto ou da ação é o período da fantasia,
do faz de conta, do jogo simbólico. Com a capacidade de formar imagens mentais
pode transformar o objeto numa satisfação de seu prazer (uma caixa de fósforo
em carrinho, por exemplo). É também o período em que o indivíduo “dá alma”
(animismo) aos objetos ("o carro do papai foi 'dormir' na
garagem"). A linguagem está a nível de monólogo coletivo, ou seja,
todos falam ao mesmo tempo sem que respondam as argumentações dos outros. Duas
crianças “conversando” dizem frases que não têm relação com a frase que o outro
está dizendo. Sua socialização é vivida de forma isolada, mas dentro do
coletivo. Não há liderança e os pares são constantemente trocados. Existem
outras características do pensamento simbólico que não estão sendo mencionadas
aqui, uma vez que a proposta é de sintetizar as idéias de Jean Piaget, como por
exemplo o nominalismo (dar nomes às coisas das quais não sabe o nome ainda),
superdeterminação (“teimosia”), egocentrismo (tudo é “meu”), etc.
2º.
Período Intuitivo - dos 4 anos aos 7 anos,
aproximadamente. Neste período já existe um desejo de explicação dos fenômenos.
É a “idade dos porquês”, pois o indivíduo pergunta o tempo todo.
Distingue a fantasia do real, podendo dramatizar a fantasia sem que acredite
nela. Seu pensamento continua centrado no seu próprio ponto de vista. Já é
capaz de organizar coleções e conjuntos sem, no entanto, incluir conjuntos
menores em conjuntos maiores (rosas no conjunto de flores, por exemplo). Quanto
à linguagem não mantém uma conversação longa, mas já é capaz de adaptar sua
resposta às palavras do companheiro.
.
III.
ESTÁDIO OPERATÓRIO CONCRETO - dos 7 anos aos 11 anos, aproximadamente. É o
período em que o indivíduo consolida as conservações de número, substância,
volume e peso. Já é capaz de ordenar elementos por seu tamanho (grandeza),
incluindo conjuntos, organizando então o mundo de forma lógica ou operatória.
Sua organização social é a de bando, podendo participar de grupos maiores,
chefiando e admitindo a chefia. Já podem compreender regras, sendo fiéis a ela,
e estabelecer compromissos. A conversação torna-se possível (já é uma linguagem
socializada), sem que, no entanto, possam discutir diferentes pontos de vista
para que cheguem a uma conclusão comum.
IV. ESTÁDIO OPERATÓRIO FORMAL - dos 11
anos em diante. É o ápice do desenvolvimento da inteligência e corresponde ao
nível de pensamento hipotético-dedutivo ou lógico-matemático. É quando o
indivíduo está apto para calcular uma probabilidade, libertando-se do concreto
em proveito de interesses orientados para o futuro. É, finalmente, a “abertura
para todos os possíveis”. A partir desta estrutura de pensamento é
possível a dialética, que permite que a linguagem se dê a nível de discussão
para se chegar a uma conclusão. Sua organização grupal pode estabelecer
relações de cooperação e reciprocidade.
Fonte: equipe pedagógica da E. E. Lucy Requião
de Mello e Silva
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