A ALFABETIZAÇÃO CARTOGRÁFICA NAS SÉRIES INICIAIS
Autor(es):
SANTOS, Tarciane Araújo dos; BANDEIRA, Silvana de Matos; LIMA,
Milene Conceição
Apresentador:
Tarciane Araújo dos Santos
Orientador:
Sidney Gonçalves Vieira
Revisor 1:
Paulo Quintana Rodrigues
Revisor 2:
Rosa Elane Antoria Lucas
Instituição:
Universidade Federal de Pelotas
A ALFABETIZAÇÃO CARTOGRÁFICA NAS SÉRIES INICIAIS
DOS SANTOS, Tarciane Araújo
1*; BANDEIRA, Silvana de Matos 1; LIMA, Milene
Conceição
2; VIEIRA, Sidney Gonçalves 3.
1
Especialização em Geografia – Instituto de Ciências Humanas – UFPel
2
Especialização em Educação – Faculdade de Educação – UFPel
3
Doutor em Geografia – Departamento de Geografia – ICH – UFPel
Rua Alberto Rosa, 154 – CEP 96010-770. Pelotas – RS. * E-mail: anetarci@yahoo.com.br
1. INTRODUÇÃO
A cartografia permite ler e interpretar o espaço próximo ou distante através de
símbolos que se relacionam entre si, representando no papel um espaço reduzido, que
fornece ao leitor informações que o ajudarão a se localizar no espaço e a compreender
os diferentes espaços do mundo e suas dimensões. Esta temática deve ser trabalhada
já nas séries iniciais do ensino fundamental, através de jogos e brincadeiras
(MARTINELLI, 1998). Os conhecimentos cartográficos devem ser adquiridos em um
processo de alfabetização, o qual Simielli (1986) chama de “alfabetização cartográfica”.
Espaço é um conceito muito abstrato para uma criança e é a partir da sua
realidade, do seu espaço vivido, percebido e concreto que se deve começar o trabalho
com ela. As atividades necessitam partir do espaço próximo, do que é familiar para
após trabalhar com espaços mais distantes. Cabendo assim ao professor, a tarefa de
promover essas atividades, ajudando o aluno no desenvolvimento das noções espaciais
(ALMEIDA, 2001).
As primeiras atividades devem envolver o próprio corpo da criança, para que ela
se aproprie do espaço através dos sentidos (visão, tato e audição). Brincadeiras que
envolvam habilidades como pular, andar, engatinhar, brincar de roda, com a bola, com
cordas, entre outras. Nessas brincadeiras podem ser introduzidas algumas noções
geométricas, como a bola e a roda (círculo) e a corda (reta) (FURLAN, 2007).
O professor pode utilizar ainda diversas atividades para trabalhar os conceitos de
cartografia em sala de aula como maquetes, mapa do corpo, planta da sala de aula,
construção de uma bússola, trabalho com fotos, entre outros (ALMEIDA, 2001).
A alfabetização cartográfica é o objetivo básico das séries iniciais e ela propõe
atividades que desenvolvam as seguintes noções: pontos, linha, área, lateralidade,
orientação, localização, referências, noção de espaço e tempo (RIBEIRO
et al., 2001).
O objetivo principal foi identificar como alguns profissionais da educação
trabalham a alfabetização cartográfica nas séries iniciais em escolas públicas e
particulares do município de Arroio Grande – RS, visando observar a maneira realizada
e se esta condiz com a mais adequada.
2. MATERIAL E MÉTODOS
A metodologia empregada foi de acordo com uma linha de pesquisa quantitativa.
Foi realizada uma entrevista semi-estruturada, com questões abertas, tendo como
população alvo 10 professores sendo 8 de escolas públicas e 2 de escolas particulares.
A formação acadêmica dos professores foi de 10 professores com magistério (ensino
médio) e destes, 8 com graduação (ensino superior) e 2 sem graduação (ensino
superior). As séries de interesse em que a população alvo leciona foi de 1ª a 4 série.
Na coleta de dados, através da entrevista semi-estruturada, os professores
entrevistados responderam as seguintes questões: a) Que tipos de atividades são
propostas para o estudo de cartografia nas escolas? b) Os alunos realizam atividades
concretas de noções de espaço antes de começar a trabalhar com mapas
cartográficos? c) Como são trabalhadas em sala de aula as noções de espaço antes de
se trabalhar com mapas? d) Você já trabalhou com maquetes em sala de aula com os
alunos? e) Você já construiu alguma maquete com os alunos em sala de aula?
As informações coletadas foram analisadas pelo método de análise temática
(MINAYO, 1993).
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Uma ampla diversidade de atividades são propostas para o estudo de cartografia
nas escolas (Figura 1), na qual a atividade mais utilizada com os alunos é o trabalho
com mapas que atinge uma porcentagem de 38%. Outras atividades também são
realizadas, como maquetes (16%) e vários jogos (16%).
Os alunos realizam algumas atividades concretas de noções de espaço antes de
começar a trabalhar com mapas cartográficos, na qual 70% dos professores
entrevistados afirmam que os alunos realizam atividades e que 30% não realizam
nenhuma atividade concreta.
As noções de espaço devem ser trabalhadas com recursos em sala de aula
antes de se trabalhar com mapas. Os principais recursos trabalhados são: com jogos
(23%) e com o lugar de vivência dos alunos (23%). Conforme mostra a figura 3, outros
recursos também são trabalhados, como com gravuras (18%), com o mapa do corpo
(12%) e com a localização (12%).
Todos os professores entrevistados afirmam que já trabalharam com diversos
tipos de maquetes em sala de aula com os alunos. A figura 4 mostra que destes
professores, 90% já construíram algum tipo de maquete com os alunos em sala de aula
e apenas 10% deles nunca construíram.
4. CONCLUSÕES
Investigar, enxergar, imaginar, desenvolver e construir o pensamento lógico
espacial são requisitos importantes para a alfabetização da linguagem cartográfica, já
que o conceito de espaço é muito abstrato para uma criança. Será a partir de sua
realidade e de forma concreta que o professor deverá trabalhar as noções espaciais em
sala de aula, proporcionando situações que ajudem seu aluno a desenvolver o
raciocínio, construindo seu conhecimento através de atividades práticas que envolvam
diversas habilidades que ajudem na organização mental do espaço geográfico. Sendo
assim, o aluno nas séries iniciais, antes de trabalhar com mapas, necessita saber
mapear, localizar, criar referências, símbolos e realizar atividades que o levem a
construção do conhecimento, porque é fazendo, criando e recriando que ele aprenderá
os conceitos cartográficos e geográficos.
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALMEIDA, R. D. Do desenho ao mapa: Iniciação cartográfica na escola. São Paulo,
2001.
FURLAN, Sueli Ângelo. A Geografia na sala de aula: a importância dos materiais
didáticos. Disponível em: <www.tvebrasil.com.br/salto>. Acesso em 04 de janeiro de
2007.
MARTINELLI, Marcello. Técnicas quantitativas e cartografia: alguns comentários sobre
uma aplicação. São Paulo: Geociências, 1998.
MINAYO, M. C. de S. O desafio do conhecimento: pesquisa qualitativa em saúde. 2.ed.,
São Paulo - Rio de Janeiro, Hucitec-Abrasco, 1993. 269p.
RIBEIRO, Luis Távora Furtado; MARQUES, Marcelo Santos. Ensino de história e
geografia. Fortaleza: Brasil Tropical, 2001.
SIMIELLI, Maria Helena. O mapa como meio de comunicação cartográfica: Implicações
no ensino de geografia do 1° grau. São Paulo: FFLCH/USP, 1986.
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