Habilidades
para compreensão de texto lido
¹Regina
do Rocio Motta
Para termos sucesso em compreender um texto temos que desenvolver
muitas habilidades. E, para isso temos que saber o que são habilidades e o que
é compreender.
Segundo o Dicionário Aurélio,
habilidade é: “1 - Qualidade daquele que é hábil. 2 - Capacidade, inteligência.
3 - Destreza. 4 - Astúcia, manha. 5 - Aptidão, engenho. 6 - Exercícios
ginásticos de agilidade e destreza. 7 - Sortes de prestidigitação,
peloticas.”
Compreensão
é o ato de compreender, entender e assimilar algo. É
considerado um processo cognitivo, onde é necessária a interpretação de
determinada coisa para que possa ser, posteriormente, compreendida pelo
indivíduo e, está em todas as etapas de nossa vida.
Existem vários processos para a
compreensão leitora, porém temos que entender os vários conceitos que fazem
parte deste, e buscar estratégias metodológicas para desenvolvê-los.
Leitura
é a ação de ler algo. É o hábito de ler. A palavra deriva do Latim "lectura",
originalmente com o significado de "eleição, escolha, leitura". Também
se designa por leitura a obra ou o texto que se lê. A leitura é a forma como se
interpreta um conjunto de informações (presentes em um livro, uma notícia de
jornal, etc.) ou um determinado acontecimento. É uma interpretação pessoal; é
uma habilidade que envolve decodificação E compreensão. Crianças pré-escolares,
por exemplo, não decodificam, mas são capazes de compreender. Não precisamos
trabalhar apenas com compreensão quando há decodificação. Alunos da Educação
Infantil devem ter atividades que trabalham com compreensão, livros de histórias
com figuras para que “inventem” a narração, por exemplo.
Rota
fonológica: permite a transformação das unidades do grafema em fonema,
sendo utilizada, normalmente, na leitura de novas palavras ou pseudopalavras. É uma das formas de leitura. Corresponde
ao nível alfabético de leitura e escrita. Para compreender o que se está lendo,
há participação crucial da pronúncia: a pronúncia é construída segmento a segmento,
com participação da fala interna, de modo que a imagem
fonológica da palavra é mantida. A regularidade grafema-fonema é
necessária para a operabilidade da rota.
Rota
lexical: permite o acesso imediato à palavra, auxiliando na leitura de
palavras já conhecidas. A pronúncia
só ocorre ao final do processo, sendo resgatada como um todo do léxico, não
tendo qualquer papel mediador no acesso ao significado e não desempenhando
papel algum na escrita/leitura. O reconhecimento visual da palavra é direto, devido
à alta familiaridade que o sujeito já possui com seu vocabulário conhecido.
Memória de trabalho: é a capacidade de armazenar e
manipular informações, simultaneamente. Ao ler um texto, o indivíduo precisa
usar a memória de trabalho para fazer a decodificação (se ainda faz uso da rota
fonológica) e guardar as informações que recém leu, a fim de compreender a
frase/parágrafo.
Percepção visual: é a capacidade de perceber e distinguir
imagens, letras, números, símbolos. É importante, explorar imagens, expressões,
capas de livros, cores… E compreendendo sem, necessariamente, decodificar!
Flexibilidade Cognitiva: é a capacidade de “pensar
fora da caixa”, isto é, fazer correlações com as demais situações cotidianas.
Controle Inibitório: é a habilidade responsável por se
manter focados no que realmente interessa e inibir os estímulos externos e
internos. O controle inibitório é a habilidade de mantém a atenção e ajuda a
decidir, em um problema matemático, por exemplo, qual cálculo devemos utilizar
para resolver.
Nós, enquanto professores devemos buscar atividades/ estratégias/
metodologias que desenvolvam a compreensão de textos desde a Educação infantil
e, isso pode ser feito: lendo textos de gêneros textuais variados, “lendo” sequências
de figuras; livros com apenas gravuras; figuras publicitárias, dramatizando gravuras
etc.
A escola, sendo o
local de ensino sistematizado, deve propiciar aos alunos os conhecimentos
necessários para compreender, se adaptar e construir opiniões, em seus contatos
com diversos ambientes e pessoas.
Para KLEIMAN,
[...]a leitura é um
ato social, entre dois sujeitos – leitor e autor – que interagem entre si,
obedecendo a objetivos e necessidades socialmente determinados. Essa dimensão
interacional, que para nós é a mais importante do ato de ler, é explicitada
toda vez que a base textual sobre a qual o leitor se apoia precisa ser
elaborada, pois essa base textual é entendida como a materialização de
significados e intenções de um dos interagentes à distância via texto escrito.
[...]Para a
compreensão do texto é necessário também poder relacioná-lo a um todo maior,
dando-lhe coerência [...] (1997; pág. 10).
Referências:
BETTELHEIM, Bruno.
Psicanálise da Alfabetização, por Bruno Bettelheim e Karem Zelan. Tad. de José
Luiz Caon. Porto Alegre: Artes médicas, 1984.
CADEMARTORI, Ligia.
O que é Literatura Infantil. São Paulo: Brasiliense, 1986.
CUNHA, Maria
Antonieta Antunes. Literatura Infantil Teoria e Prática. São Paulo: Ática,
1997.
KLEIMAN, Angela.
Texto e Leitor: Aspectos Cognitivos da Leitura. Campinas, SP: Pontes, 1997.
PAULINO, Graça;
WALTY, Ivete; FONSECA, Maria Nazareth; CURY, Maria Zilda. Tipos de Textos,
Modos de Leitura. Belo Horizonte: Formato Editorial, 2001.
¹ Regina do Rocio Motta – professora/geógrafa/pedagoga; especialista em
Educação Básica, em Educação Especial, cursando especialização em
Psicopedagogia.